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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

SE PERMITIR!















SE PERMITIR
Sentei-me no banco ao lado da calçada e coloquei-me a olhar o céu, o jardim, o pássaro na gaiola e os cães ao meu redor querendo atenção.
Vários pensamentos iam e vinham em minha mente, não me ative a nenhum com importância, queria apenas espairecer sem pensar em nada.
Fechei meus olhos por um instante e fiquei apenas ouvindo os barulhos a minha volta, pude ver que em algum lugar atras dos muros da minha casa havia o barulho de mato queimando, ouvi minhas vizinhas conversando, os cachorros latindo e também os pássaros piando, ja estava na hora deles se recolherem para seus ninhos nas árvores ao redor.
Abri meus olhos e novamente olhei o céu, estava limpo sem nuvens típico céu de inverno, o sol ja estava baixando e uma brisa leve quase fria soprava sobre meu corpo. Ainda estava de pijama e envolta num chale de lã, hoje ao acordar não quis ou não tive vontade de trocar de roupa, falei comigo mesma que passaria o dia de pijama e assim estou.
Nunca fiz isso nem mesmo quando estava doente, sempre estava arrumada esperando as visitas chegarem, mas hoje eu acordei assim meio sei lá!
Resolvi me permitir um pouco de ficar um tanto ¨largada¨ja que não vou a lugar algum e nem tampouco receber alguém em casa, meu marido estranhou quando chegou para o almoço e perguntou o que aconteceu, nada apenas resolvi não me arrumar hoje e ficar de pijama, respondi, por que algum mal nisso? Perguntei, não posso de vez enquando me desleixar um pouco? Ele nada respondeu, mas percebeu que havia algo errado mas preferiu se calar.
Estou sozinha em casa, minha filha casou-se e se foi morar com o marido, meu filho esta viajando de férias na faculdade e folga do trabalho, meu marido só veio almoçar e saiu, então já que não tenho nada para fazer no dia de hoje resolvi relaxar em todos os sentidos!
Devíamos fazer isso uma vez por outra é tão bom não ter nada em mente, nada para fazer e nada com que se preocupar, nada... apenas contemplar o dia, a tarde e a noite.
É um tanto estranho pois não sou acostumada a ficar assim parada, sou muito agitada, ansiosa, detalhista e critica, gosto de ver tudo em ordem e de também estar sempre arrumada como se fosse sair, um batom nos lábios e cabelos penteados, hoje estou mesmo largada, nem me olhei direito no espelho para não cair na tentação de me arrumar, apenas tomei banho e coloquei o pijama novamente e fui fazer meus afazeres domésticos, o almoço e mais nada, agora estou aqui sentada escrevendo o que foi esse dia.
É estranho essa sensação de não produzir nada, não ser útil, não fazer muita coisa que se esta acostumada a fazer no seu dia-a-dia, não sair, não vê gente diferente, não conversar com ninguém, não sei se me daria bem com a solidão, creio que não! É bom ficar as vezes isolada, em silencio, meditando, fazendo planos, sonhando, sei la! Mas melhor ainda é estar ativa, conversando com alguém e fazendo algo de que se orgulhe, de que goste, trabalhando, arrumando, se informando das coisas, aprendendo algo novo nem que seja pela internet.
É muito bom interagir com tudo a nossa volta, mas também é bom poder sentar-se num banco e fechar os olhos para apenas sentir as vibrações de tudo que nos rodeia , colocar os nossos sentidos a prova, observar as coisas ao redor, respirar e sentir que se esta viva, viva e poder se dar ao luxo de não fazer nada de nada por escolha e não por privações impostas por outros motivos.
Estou mais leve, tranquila, relaxada por que pude sentir-me assim viva e agradecida por apenas me permitir, me sentir, voltar para dentro de mim mesma e refletir, como se estivesse novamente dentro do ventre de minha mãe, apenas ouvindo os ruídos do mundo aqui fora.
Será isso depressão? Não sei acho que estou apenas sentindo-me só, a casa vazia sem o barulho dos filhos, aquele agito todo, as discussões que sempre surgem, o sobe e desce nas escadas, a televisão e o som alto, as batidas de portas, horário para fazer comida, o lanche enfim, aquela loucura que é qualquer casa com mais de uma pessoa!
Bem que dizem que começamos a vida familiar em dois e terminamos do mesmo jeito, os filhos crescem e vão cada qual seguir um caminho, fazer seu próprio trajeto, seguir seu destino e escrever suas próprias histórias.
E a nós pais cabe-nos apenas acostumar-nos com o silêncio e o vazio que a presença deles deixam pela casa toda, por isso fiquei ali sentada com o olhar perdido onde a saudade e as lembranças de tantos momentos juntos ainda existem. Preciso mesmo é acabar logo com esse marasmo, preciso lembrar que eu existo e faço parte dessa vida que esta mudando!
É... é assim o ciclo da vida se renovando, a roda da vida girando, novas histórias começando e outras sendo reescritas, é a vida na sua arte pura e crua de se fazer presente e de se fazer sentir! Que bom que faço parte disso tudo, desse movimento todo, dessa roda viva que gira ao meu redor! Que maravilha estar sempre aprendendo, de estar percebendo que as mudanças são necessárias mesmo que nós por vezes nos sintamos perdidos, sozinhos, mas tudo isso faz parte da vida do nosso amadurecimento e por que não dizer do nosso desenvolvimento espiritual, ja que eu acredito num Ser maior que tudo pode realizar, meu DEUS, centro da minha vida e dono da minha existencia e a quem sou agradecida por permitir ainda me permitir!
Luci Borges.

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